Primeira Campainha: esposa ou marido?

171 e Primeira Campainha se casaram no Festival de Cenas Curtas, confira aqui

buteco171

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Pedro Paulo Cava fala sobre João Ceschiatti


Há dois anos, o teatro171, vem produzindo jantares, bingos, butecos e cabarés sob a alcunha de "Malição de João Ceschiatti", em homenagem a um importante homem de teatro da cidade que fazia jantares em sua própria casa para amigos célebres para ajudar nas contas. Jota Dangelo já tinha nos dado um depoimento a respeito:


"Abriu seu próprio restaurante, na casa onde morava e onde recebia os amigos, intelectuais, gente de teatro, artistas plásticos. De quando em vez vendia alguns quadros de sua coleção e passava uns tempos na Europa, particularmente na Espanha. No restaurante tinha o requinte e o bom gosto que sempre tivera como encenador. Mas era triste. Vez ou outra era capaz de entusiasmar-se quando íamos visitá-lo nos fins de tarde, Carlos Kroeber e eu. Aí recitava poemas de Lorca com a velha eloquência e teatralidade que foram sua marca." (Jota Dangelo)

Pedro Paulo Cava ficou sabendo da "Maldição de João Ceschiatti" e nos escreve contando um pouco da história de João:



"Rõmulo, pessoal do Sinparc e da Cia. 171:
Não era só lenda a maldição de João Ceschiatti.
Depois que perdeu o emprego do Sesc como diretor de teatro, isso lá pelo final dos anos 50 ou início dos 60, o João transformou parte da sua casa em restaurante, que ele abria às sextas e sábados somente para amigos ou conhecidos. Viveu disso até morrer no final dos anos 80.
Também fazia jantares espetaculares para as pessoas de teatro que vinham a BH em temporadas que duravam quinze dias, um mês, às vezes até dois meses em cartaz no Marilia ou no Francisco Nunes. Ali, ainda bem jovem, pude conhecer pessoalmente Henriette Morineau, Maria Della Costa, Leonardo Villar, Paulo Autran, Bibi Ferreira, Procópio Ferreira, Juca de Oliveira, Sábato Magaldi, Tonia Carrero, Paschoal Carlos Magno, Fernanda Montenegro, Claudio Corrêa e Castro, Dulcina de Moraes, Cleide Yáconis, Lélia Abramo, Ziembinsky, Eva Wilma, Walmor Chagas, Glauce Rocha e tantos outros ícones do teatro brasileiro de quem me tornei grande amigo ou apenas um conhecido interlocutor em Minas.
Parte dessa geração já se foi, mas deixou sua marca na cena brasileira. Eram mesmo jantares espetaculares que ele fazia para homenagear a gente de teatro. Convidava a sociedade mais rica da capital e vendia estes lugares a peso de ouro e assim ia sobrevivendo. Dos poucos artistas locais que tinham assento permanente nessas ocasiões sem pagar nada, acho que só sobramos eu, Julio Varella, Dangelo, Priscila Freire, Ítalo Mudado e Ezequias Marques. Vez por outra convidava o pessoal da extinta Itacolomy: As Wilmas (Patrícia e Henriques) Elvécio Guimarães, Palmira Barbosa... E políticos que se ligavam em cultura e arte.
A casa do João ficava no Barro Preto, um casarão antigo na Rua dos Goitacazes. Já não existe mais.
Já doente e sabendo que ia morrer, um dia me chamou na sua casa e me deu todos os seus álbuns de recortes de jornais, fotos, programas de espetáculos dos anos 40 e 50. Disse-me para guardar que algum dia iriam dar a ele a importância na história que nunca teve em vida. Julgava-se injustiçado por não ter podido viver de teatro na belorizonte que amava.
Perto do fim com o câncer lhe corroendo as entranhas, o João já nem se levantava mais da cama e estava totalmente na miséria. O Hélio Garcia era o Governador do Estado e me ligou pedindo que eu levasse com urgência ao palácio o material do João para comprovar seu trabalho teatral. De posse de todo este material, enviou a assembléia em caráter de urgência um pedido de aposentadoria especial através do IPSEMG, para que o João pudesse ter algum dinheiro no final da vida. Certamente isso foi num tempo em que os governadores se preocupavam com os artistas desta nossa terra. Bons tempos!
A sala Ceschiatti foi construída pelo Dangelo quando diretor do Palácio das Artes, no governo do Tancredo (83/85). Foi uma tocante homenagem que fez João Ceschiatti, em lágrimas, acreditar que ele fazia sim, parte da história do teatro mineiro e brasileiro.
Abraços,
Pedro Paulo Cava."



Próxima edição da Maldição: buteco171 para a deputança! Dias 24 e 25 de Setembro a partir das 21:oo hs no nosso Portão Laranja, na rua Capitão Bragança, 35. Bairro Horto.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre o Brasil República

Primeiro era o Império. Depois veio um governo provisório e virou tudo Café com Leite. Quem é café com leite leva vantagem na brincadeira. Só que aí o chimarrão bateu o pé. E virou tudo chimarrão por um tempão. Chimarrão inventou uma porção de regras novas, umas levavam mais gente em consideração. Tipo as meninas agora podiam da pitaco na brincadeira, e mesmo quem não era dono da brincadeira, mas que brincava pra caramba, agora tinha direitos e brincava oito horas por dia. Mas se não gostasse do chimarrão, ficava de castigo. Ou num brincava nunca mais. Quando a coca-cola se encontrou com o chimarrão, um monte de gente foi pra segunda guerra mundial. Aliás chimarrão aprendeu algumas coisas com a Coca-cola. Primeiro estranha-se mas depois entranha-se. Entranhou-se.
Chimarrão desistiu da brincadeira em agosto de 54. Mas Coca-cola continuou vigiando porque tinha a turma da vodka que tava brincado de foice e martelo do lado esquerdo da rua, e coca-cola não queria que ninguém aprendesse brincadeira nova. Tinha o pessoal do exército que tinha acabado de tomar banho com alvejante e limpado todas as manchas vermelhas (o pessoal que curtia a brincadeira da vodka, que tinha sido inventada por um chucrute no século anterior, mas o pessoal do chucrute tinha passado por uma onda muito ruim, brigaram, ficaram separados um tempão...) do exercito.
Assim, alvejantes e coca-cola tomaram conta da brincadeira por uns 20 anos. Chato pra cacete.
Quando por fim resolveram que a maioria devia voltar a dar pitaco no jogo. Veio um menino rico, de saco roxo, e roubou o lanche de todo mundo.
Isso foi outro dia mesmo. Depois veio um moço mais estudado, mas com rabo preso com a coca-cola, e o povo ficava zoando ele: fora já! Fora já daqui!...
Depois, entrou um cara daqueles que brincava oito horas por dia. Foi legal. Nem todo mundo achou legal, mas foi legal. De toda forma ele aprendeu umas coisas com chimarão, com a vodka, com a coca-cola e com a cachaça.
Hoje tem que dar pitaco na brincadeira de novo. E é um tal de caipivodka, capeta, cuba libre, uma porrada de coquetel. E num parece legal. Ta difícil de escolher a batida.
Mas pra quem brincou por 20 anos uma brincadeira chata, outro dia mesmo...
Confesso que por ter crescido dentro do apartamento, sempre quis participar da brincadeira da rua, e dar pitaco nela. As vezes dentro do apartamento eu até sonho com um grande recreio, sem dono da brincadeira nem nada. haahhahahah Mas isso é coisa de punk da Savassi, se é que eles existem.
Fico aqui pensando se tomo ou não tomo a caipivodka... Sei que o curassau frozen tucano não me desse bem, e não bebo não. Algo me lembra alvejante e coca-cola... Bonito e careta.
Se eu tomar a caipivodka e não cair bem, eu vomito.?

Para deputança: buteco171